Frei Calisto
Regar e rezar . Só uma letra distinguia estas duas palavras. Nada mais. Todos os homens são diferentes, mas há homens que apresentam diferenças que nem os mais diferentes conseguem entender. Frei Calisto era um deles. Desde muito novo que acreditava que as flores, belas e inofensivas manifestações da natureza, escondiam os segredos mais procurados, em todas as épocas e todas as guerras, para se alcançar a paz do mundo.
Todo o santo dia, Frei Calisto matava a sede da fé, regando as suas meninas com o mesmo sentimento com que se reza um Pai Nosso ou uma Avé Maria. O ritual era completo. Dava-lhes de beber, limpava-as das folhas defuntas e protegia-as dos insectos diabólicos. As espécies que acarinhava eram baptizadas com os valores que andavam murchos e mirrados. Às Amarílis chamava-lhes gratidão. Às Acácias, Esperança. Aos Crisântemos, Solidariedade. Às Gerberas, Alegria. E aos Cravos, Tolerância. Frei Calisto não se atrevia a regar os Amores Perfeitos, pois podia dar para o torto e, ainda pior, para o pecado.
Frades disponíveis
Frei António | Frei Bartolomeu | Frei Calisto | Frei Damião | Frei Eurico | Frei Francisco